Luís Paulo Costa - Dois Cafés
17

 

Setembro

 

2022
Luís Paulo Costa - Dois Cafés

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Exposição individual com curadoria de Sara Antónia Matos

MIAA, Abrantes

17.09.22 - 12.02.23


A exposição Dois Cafés de Luís Paulo Costa, um artista representado na coleção Figueiredo Ribeiro, em depósito no município de Abrantes, reúne um conjunto de obras inéditas, realizadas pelo artista entre 2020 e 2022.


Embora neste corpo de trabalho se encontrem peças tridimensionais, das quais se extrai o título para a exposição, esta é de natureza pictórica e as questões nela envolvida são as do campo da pintura. Isso acontece porque o trabalho de Luís Paulo Costa centra-se na credibilidade que a imagem pintada oferece, isto é, na sua fiabilidade face a uma imagem fotográfica ou a um objeto reconhecível. Porém, nos trabalhos mais recentes o próprio artista corrompe essa fiabilidade, introduzindo sobre a pintura de base elementos disruptores.


Nas palavras de Luís Paulo Costa: “Dois cafés são duas pessoas e tudo o que está à volta. E à volta de dois cafés pode estar tudo.”

Vamos beber um café e conversar?


A conversa versará sobretudo as formas como o artista opera, os lugares onde pretende chegar e o modo como os indícios lançados por cada imagem são essenciais à construção de uma narrativa que no seu todo está por contar.


Os indícios são emitidos cadenciadamente ao longo da exposição, como fragmentos, instantes isolados, de um travelling a percorrer. Não existe um início ou um final preciso. No percurso há “Uma espécie de abertura” [2022], molduras e enquadramentos, entradas e saídas, fundos e superfícies, membranas translúcidas ou compactas, mais e menos rasuradas, com perturbações, lugares e momentos para demorar ou acelerar. Por detrás destes dispositivos pictóricos há certamente corpos e encontros entre estes que, não sendo explícitos, tingiram as telas com as diversas temperaturas da carne. A narrativa resulta necessariamente ambígua, opaca, porque os intervalos entre as imagens fazem com que a história que atrás delas remanesce permaneça inacessível.


Voltemos a “Dois Cafés” [2022], ao “Troco de Dois Cafés” [2022] e à narrativa que no seu todo ficou por ligar.


Num dos extremos da exposição, estão “Duas cadeiras vazias” [2022], pousadas no chão. Na realidade, essas cadeiras não são um convite para sentar, pela simples razão que são pinturas e desenhos, com o mesmo estatuto ontológico que as outras obras. Todas são pinturas, pese embora a natureza diversa do suporte. A peça convoca um encontro e uma conversa não declarada.


Entre a alusão que a pintura faz e a presença que ela é, eu diria que essa conversa anda sempre à volta das profundidades do olhar.



Sara Antónia Matos

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