Cristina Guerra Contemporary Art apresenta “Recession” (recessão), a primeira exposição individual da artista alemã Tatjana Doll (Burgsteinfurt, 1970) na galeria.
Tatjana Doll é conhecida por realizar pinturas em grandes formatos nas quais emprega um vocabulário construído por imagens presentes na vida quotidiana das cidades contemporâneas. Sendo sempre figurativo, e utilizando motivos recorrentes, o trabalho pode ser pensado em quatro grupos temáticos: veículos, contentores, assentos (estádios, cinemas), e sinalética urbana. Lugares-comuns, facilmente reconhecíveis que pensam o repertório visual da nossa sociedade.
A sua pintura é directa e limpa. Assumidamente bidimensionais, Doll afasta-se da ilusão característica da pintura, para apresentar telas nas quais o objecto eleito é o único elemento. Esta escolha de abordar imagens pré-existentes relaciona-se com a vontade de se afastar do ímpeto de originalidade. A leitura imediata que os seus trabalhos possibilitam, permite a Doll esvaziar os signos de significado para que a artista se concentrar somente na imagem em si. Ao não tomar decisões sobre o conteúdo, limita a subjectividade da sua intervenção à procura da mais intensa forma de pintar.
Na Cristina Guerra Contemporary Art apresenta um conjunto de 70 pinturas de sinais de trânsito. Doll decidiu estender os postes de forma ao sinal propriamente dito se encontrar perto do tecto da galeria. Esta decisão tem duas consequências, um violento confronto com uma floresta de grades (uma grelha que recapitula algumas intervenções minimalistas) que enclausura o espectador no espaço da galeria; e a necessidade de um esforço para encontrar o cerne da pintura.
Esta instalação, especialmente concebida para a Cristina Guerra Contemporary Art reflecte a observação da artista sobre profusão destes sinais nas estradas portuguesas e vai de encontro com a sua reflexão sobre uma sociedade que para ser sofisticada, contemporânea, necessita de implementar cada vez mais regras de conduta. Uma sociedade cada vez mais opressiva e condicionadora dos seus cidadãos a qual constantemente impõe os caminhos em que eles devem circular.
Tatjana Doll apresenta também um grupo de pinturas que retratam um camião, três Lamborghinis e dois rolos de notas de dólar. O branco da tela representa um obliteração do contexto original de cada objecto, possibilitando ao espectador localizá-lo num cenário por si imaginado.
O título da exposição, apesar de ter uma conotação económica (como é também verdade para as pinturas em si), relaciona-se não com o mercado da arte, mas antes com uma estagnação do crescimento (sinais de trânsito) assim como uma suspensão do conteúdo das pinturas.