“Raised Eyebrows/ Furrowed Foreheads”, é a segunda exposição que Cristina Guerra Contemporary Art apresenta do artista John Baldessari.
John Baldessari é considerado um dos artistas que revolucionou a linguagem artística ao trazer para a ribalta o uso da fotografia quando esta era apenas mostrada em galerias especializadas, pela exploração da linguagem como ferramenta artística e pela simbiose entre a fotografia e a pintura que tem vindo a explorar nas últimas 5 décadas. Capaz de se reinventar constantemente – trabalhando sobre uma enorme variedade de media -, Baldessari, com Bruce Nauman e Ed Ruscha constituíram o núcleo central do movimento de arte conceptual de Los Angeles. A sua notoriedade é este ano mais uma vez reconhecida com atribuição do Leão de Ouro de Carreira na Bienal de Veneza já que a sua obra, nas palavras Daniel Birnbaum comissário da edição que inaugurará em Junho, “abriu uma nova poética conceptual e social para os artistas em todo o mundo manter-se-á uma fonte de inspiração para as gerações vindouras”.
A presente exposição surge no seguimento de um conjunto de trabalho que o artista tem vindo a desenvolver sobre o corpo enquanto fragmento que se concretizou nas séries: Noses & Ears, Etc., (2006-07) e Arms & Legs (Specif. Elbows & Knees), Etc., (2007– ). O seu fascínio pelo corpo, que se questiona no enfoque da totalidade ou do detalhe, bem visível na série actual, recupera questões já claramente explicitadas num conjunto de obras realizadas pelo artista nos anos 60.
Em “Raised Eyebrows/ Furrowed Foreheads” existe uma clara ironia característica das suas intervenções (próxima da comédia slaptsick) onde todo um jogo de expressões faciais, nos sugerem emoções e estados de carácter, que não deixam de constituir para o observador, uma reflexão sobre a especificidade do período que agora atravessamos.
A manipulação do corpo fragmentado transforma anatomias em abstracções, nas quais a relação com o espaço envolvente, assim como o jogo das cores, assume um lugar central e onde ainda se pressente uma afinidade pop através do contraste das cores.
O uso da fotografia (recuperada duma filmografia fracassada que o artista colecciona) que se funde com uma pintura tridimensional pelo relevo do suporte, coloca uma vez mais, a noção da disciplina e do género, no domínio da obsulência das questões.