A galeria Cristina Guerra apresenta no dia 28 de Maio a exposição Making of de João Onofre. Esta será a primeira exposição individual do artista em Portugal desde a mostra compreensiva do seu trabalho - Nothing will go wrong - que o Museu do Chiado-MNAC lhe dedicou em Março de 2003.
A exposição é constituida por três trabalhos; dois vídeos e um trabalho sobre papel. Este núcleo de obras dá seguimento às matérias que o artista tem vindo a desenvolver, a saber; as questões relativas à performance, ao lugar da criação - o atelier, a recontextualização de produtos culturais, entre outros.
Making of, 2004 - vídeo, cor, som, 8’48’’.
Obra que dá titulo à exposição. Consiste num plano sequência contínuo desde o atelier do artista até à galeria Cristina Guerra em Lisboa. Neste plano, observamos o percurso de um estafeta em câmara subjectiva. Em making of, o artista chama um estafeta ao seu atelier para transportar uma máquina de filmar até à galeria onde esta é entregue a um dos seus funcionários que aí regista um fogo de artificio iniciado no seu momento de entrada.
Skull, 2003, trabalho sobre papel- 30 x 23 cm.
O artista inscreve a frase Everything disappears, que pelas qualidades materiais próprias do papel e do pigmento do fax utilizado, desaparecerá com o passar do tempo, compondo assim uma tautologia visual.
Leap into the street (boombox travelling), 2004 – vídeo, cor, som, 1’ 20’’. Consiste num travelling de um rádio leitor portátil. Por acção da trepidação que o volume da música provoca, a própria câmara é desestabilizada e arrastada consigo. As imagens registam a queda do leitor desde o atelier do artista, situado num quarto andar, até o largo situado em frente. A música reproduzida corresponde a um excerto de She’s lost control, 1979, do grupo pós-punk, Joy Division.
Esta exposição estrutura-se em torno de questões relativas à representação vídeo, problematizando o plano sequência enquanto elemento de indexação da realidade.
As obras patentes em Making of levantam considerações diversificadas, entre as quais, a reavaliação dos mecanismos de produção de exposições - reequacionando o lugar do próprio processo criativo - a releitura de géneros artísticos e a inscrição nas obras do processo através do qual elas foram realizadas.
João Onofre tem exposto ininterruptamente desde 2002. A sua obra foi recentemente alvo de uma mostra individual, no Magazin 4, Kunstverein de Bregenz.
Das exposições para este ano, destacam-se diversos projectos encomendados; um pela Mairie de Paris, o projecto Nuit Blanche, 2004, e outro pela Caisse de Dépôts et Consignations no histórico Museu do Louvre em Paris, bem como a exposição colectiva na Haunch of Venison gallery em Londres e uma individual na I-20 gallery de Nova Iorque.
C.M.