Cristina Guerra Contemporary Art tem o prazer de apresentar BIG BANG, uma exposição individual de diversas obras do artista João Louro.
João Louro é por muitos considerado como um dos principais artistas da sua geração. Particularmente conhecido pelas suas BLIND IMAGES e DEAD ENDS, Louro conjuga de forma idiossincrática referências de proveniência popular com o trabalho de teóricos radicais, quer seja sob as suaves e opacas superfícies das suas BLIND IMAGES ou por meio dos enormes sinais de trânsito que como rizomas, constituem a sua série DEAD ENDS.
Nas últimas duas décadas, João Louro tem definido várias viagens, ou melhor dizendo, tem definido a ideia de viagem e navegação, que nele não se faz de um ponto produtivo ou evolutivo para outro, mas sim pela utilização de estradas secundárias e alternativas, desvios, caminhos esquecidos e becos sem saída, no que constitui um dos muitos temas que definem a sua obra. Desta vez, João Louro definiu uma nova e impossível viagem como tema da sua exposição: uma expedição de automóvel ao início ou origem de todas as coisas. Uma expedição que culmina no caos.
Os percursos propostos por João Louro nunca são claros ou lineares, mas sim, de certo modo, percursos labirínticos, caminhos que fogem a uma ordem ou prescrição vertical. A viagem é imprevisível, nunca sabemos muito bem o que nos espera ao virar da esquina ou na paragem seguinte. O caminho que escolhemos trilhar na companhia do artista é longo e sinuoso. Do banco de trás, perante a inóspita paisagem, é possível sentir o imenso entusiasmo que irradia do artista, sentado ao volante; o seu entusiasmo por um motor potente, a sua obsessão por estradas perdidas.
O “Blind Runner” não tem medo da velocidade. Põe o pé no acelerador e concentra-se na estrada à sua frente. De repente, perde o controlo da viatura. Os pneus chiam, o carro perde a direcção e embate contra os railes, aos piões. O carro acaba por parar, quase por milagre. Ao procurarmos sair deste monte de chapa retorcida, somos invadidos pela sensação de um novo começo, de uma nova vida. É isto que alimenta e percorre as veias dessa estranha criatura, o ousado aventureiro, o duplo de Hollywood, o piloto suburbano de alta rotação que acelera no parque de estacionamento com o seu automóvel de família: a possibilidade de retorno.
Trabalhando directamente no espaço da galeria Cristina Guerra, João Louro irá recriar uma “mise en scène” de um acidente acabado de ocorrer, apresentando os respectivos estragos: os railes amolgados e um automóvel acidentado, juntamente com as imagens e “flashes” fragmentados de um universo ordenado em expansão.
João Louro já expôs na Europa e nos Estados Unidos. De entre as suas mais recentes exposições individuais contam-se “Blind Runner”, Centro Cultural de Belém, Lisboa (2004); e “Play, Rec and Pause”, Christopher Grimes, Santa Monica (2006); de entre as exposições colectivas destacamos “InSite ’05 – Art Practices in The Public Domain”, S. Diego e Tijuana (2005), e a 51ª Bienal de Veneza, Veneza (2005).
“Blind Runner: An Artist Under Surveillance”, é um documentário sobre o artista, realizada por Luís Alves de Matos, que irá estrear no festival DOCLISBOA na próxima sexta-feira, 26 de Outubro, pelas 18:30. A projecção terá lugar no grande auditório da Culturgest (Rua Arco do Cego,Lisboa).