Bem-vindo, acaba de tornar-se parte desta exposição. Enquanto lê estas palavras, os seus pés desenham. Está a fazer performance. Está a ser visto. Está a fazer arte.
Então, faça uma pausa. Avance devagar. Torne-se consciente da mão que segura este papel e abra os seus sentidos para as auras da grafite, do cimento e do papel. Ouça e veja os vestígios que o corpo do artista deixou neste espaço; entendendo que está sujeito à gravidade, às forças e aos limites da fisicalidade, também está ligado à história deste espaço e às obras do Diogo. A participação é um acto criativo, no qual você está a ser realizado.
Sol Lewitt afirmou que “Obviamente, o desenho de uma pessoa não é uma pessoa real, mas o desenho de uma linha é uma linha real.” No entanto, aqui as distinções entre linha, gesto e pessoa não são assim tão claras. É aqui, no espaço entre a inerência e a representação, que surge a prática artística de Diogo Pimentão: um navegante cósmico com um diário de bordo não convencional da nossa era de descobertas pós-internet.
A partir de agora, esvanecem-se as distinções entre o seu corpo e o corpo dele, entre os materiais que tem à mão (e aos seus pés) e as forças que os transformam. É aqui que começamos.
Will Kerr
Março de 2019