CHRISTIAN ANDERSSON | JUAN ARAUJO | VASCO BARATA | FILIPA CÉSAR | LUÍS PAULO COSTA | JOÃO ONOFRE | JULIÃO SARMENTO | NUNO SOUSA VIEIRA | RUI TOSCANO

"All to Wall" é uma proposta expositiva que decorre em dois momentos sequenciais da programação da galeria.

Na primeira parte a exposição apresenta obras de Christian Andersson, Juan Araujo, Vasco Barata, Filipa César, Luís Paulo Costa, João Onofre, Julião Sarmento, Nuno Sousa Vieira e Rui Toscano.

A segunda parte, em Setembro, revelará diferentes propostas artísticas e eventualmente outras questões serão levantadas no espaço da galeria.

A exposição tende para uma ideia de impermanência, ou de passagem, independentemente do sentido da obra de cada um dos artistas e dos diferentes médiuns e propostas de instalação. Procura-se estabelecer um percurso possível, mas que não é inevitável, deixando a descoberto relações menos óbvias e indícios que podem eventualmente amplificar o nosso imaginário e convocar relações poéticas, intertextuais e semânticas a partir de uma ideia de espacialidade.

Acresce a este dado um segundo olhar sobre o espaço da galeria, procurando também aqui uma reactualização deste através de uma intervenção simples, a construção de uma parede. Esta intervenção é o elemento permanente entre as duas propostas expositivas, e permite reavaliar as determinações do espaço no sentido em que este estabelece o lugar em que ocorre a exposição, e desta forma concorre para a construção do percurso discursivo que o visitante fará numa ligação, tão estreita quanto possível, convocando para primeiro plano o trabalho do corpo como elemento central da nossa relação com cada obra.

Contudo, a presença da arquitectura ou da sua transformação – ainda que temporária – pode, no seu limite, recriar o espaço de forma retributiva como condição dessa possibilidade dialéctica, no sentido que Daniel Buren lhe atribui e que aqui transcrevo de um ensaio publicado em 1975:

“Every place radically imbues (formally, architecturally, sociologically, politically) with its meaning the object (work/creation) shown there. Art in general refuses to be implied a priori and so pretends to ignore or reject the draconian role imposed by the museum (the gallery), a role both cultural and architectural. To reveal this limit (this
role), the object presented and its place of display must dialectically imply one another.”1

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João Silvério

1 Cf. Daniel Buren, “Function of Architecture, Notes on work in connection with the places where it is installed taken between 1967 and 1975, some of which are specially summarized here”, Thinking about Exhibitions, London and New York: Routledge, 2002 (new edition), p. 315.